imagem ilustrando artigo Arquitetura inclusiva: tudo que você precisa saber

Ao pensar em construir um imóvel, vale a pena se aprofundar sobre as tendências e maneiras de garantir a acessibilidade de empreendimentos com impactos sociais positivos. Nesse cenário, a arquitetura inclusiva merece destaque, pois é um dos meios fundamentais para promover a interação social e a acessibilidade no Brasil e no mundo.

Você já conhece esse conceito? Ele pode beneficiar os projetos, garantindo que eles tenham maior relevância pensando no longo prazo e nas diferentes situações que podem surgir no dia a dia. Portanto, é interessante se aprofundar sobre o tema e entender a sua importância.

Neste conteúdo, você aprenderá o que é a arquitetura inclusiva e como ela surgiu. Ainda, entenderá a sua importância e como aplicá-la nos projetos de seus imóveis. Confira!

O que é a arquitetura inclusiva?

A arquitetura é uma área que se baseia em diferentes aspectos. Por um lado, ela exige conhecimentos e aplicação das ciências exatas, com cálculos importantes para os projetos construtivos, considerando estrutura, conforto ambiental, segurança, entre outros fatores.

Por outro, ela também tem um aspecto humano, pois as construções devem atender às necessidades das pessoas que utilizarão os espaços. Entretanto, por muito tempo a arquitetura foi feita pensando nas condições gerais dos seres humanos que, muitas vezes, causavam a exclusão.

Assim, a arquitetura inclusiva tem como objetivo trazer um olhar focado em acessibilidade, considerando as necessidades humanas de maneira ampla para atender à diversidade. Logo, os projetos devem ser desenvolvidos de modo que permitam o uso por diferentes pessoas, em diferentes momentos da vida.

Vale destacar, ainda, que embora a arquitetura inclusiva tenha relação com o acessível, não se limita a ele. Na verdade, ela tem maior afinidade com um conceito de projeto universal. Ou seja, um mesmo item pode atender a diversas pessoas, garantindo uma inclusão maior.

Como o conceito se desenvolveu?

Para entender melhor a arquitetura inclusiva, vale a pena entender como ela se desenvolveu. Nesse caso, existem dois pontos principais que ajudam a compreender o surgimento e evolução do conceito. Veja só!

Homem-padrão

Primeiro, é preciso entender a ideia de homem-padrão, que era utilizado como base para produção de equipamentos e desenvolvimento de projetos. Porém, nem sempre ele se alinhava ao homem real, pois se baseava em um homem jovem com plenas capacidades físicas e mentais.

Com isso, a ideia deixava de considerar a diversidade de corpos e de necessidade. Isso fez com que o conceito se tornasse rapidamente defasado, exigindo uma reestruturação.  

Desenho universal

Como resultado da percepção sobre as limitações do conceito de homem-padrão, foi desenvolvido o desenho universal. Ele surgiu na década de 1960, a partir de uma reunião entre os Estados Unidos, o Japão e outros países da Europa.

O objetivo era criar um conceito de produção que pudesse ser utilizado por todas as pessoas, sendo aplicado no desenvolvimento de equipamentos, áreas urbanas e edifícios. Assim, a Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, em sua área de arquitetura, começou a dar forma ao conceito de projeto universal.

Ele tinha como finalidade garantir que os produtos criados seriam acessíveis a todas as pessoas, independentemente de idade, habilidades ou características pessoais. Logo, ele também não é desenvolvido apenas para representar quem precisa de medidas específicas: ele atende a todas as pessoas. 

Esse é um diferencial importante, porque evita que seja necessário ter ambientes ou produtos voltados para quem tem deficiência, por exemplo. Ou seja, qualquer pessoa pode utilizar o item ou o espaço com segurança e autonomia. 

Por que a arquitetura inclusiva é tão importante?

Conhecendo o conceito de arquitetura inclusiva e a sua relação com o desenho universal, fica fácil perceber a importância. Ela promove a inclusão social, ao permitir que todos utilizem espaços e equipamentos de maneira igualitária, sem precisar recorrer a soluções específicas que, na prática, podem incentivar a exclusão.

Ainda, promove mais conforto e autonomia, beneficiando a qualidade de vida de todos que têm contato com o projeto. Outro ponto relevante é que a aplicação da arquitetura inclusiva evita a necessidade de reformas e adaptações. 

Como a construção já considera as diferentes características que as pessoas podem apresentar, ela permite um design que se mantém adequado ao longo do tempo. Desde crianças até idosos, por exemplo, conseguem utilizar os espaços com conforto.

O mesmo se aplica a pessoas com deficiências e limitações de mobilidade. Logo, os moradores de uma casa construída com esse foco conseguem receber qualquer pessoa e terão mais segurança no dia a dia, sem o risco de precisar fazer reformas e modificações diante de doenças ou acidentes. 

Quais são os principais desafios da arquitetura inclusiva?

Apesar de a inclusão ser uma tendência, ela ainda enfrenta diversos desafios. O principal é a mudança da mentalidade social, que ainda se prende à ideia de construir projetos considerados padrão, e desenvolver soluções para as situações que fogem do comum. 

Entretanto, mesmo que isso consiga trazer a acessibilidade, não promove a inclusão. Assim, os profissionais precisam trabalhar focados no conforto de todas as pessoas, independentemente de suas características, e auxiliar na conscientização da população ao demonstrar a viabilidade e os benefícios desses projetos. 

Como é a acessibilidade no Brasil?

Para entender mais detalhes sobre a adoção da arquitetura inclusiva, é interessante conhecer dados sobre a acessibilidade no Brasil. O Censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe dados relevantes. 

De acordo com o levantamento, cerca de 24% da população têm alguma dificuldade ou limitação em suas habilidades — equivalente a 46 milhões de pessoas. Além disso, cerca de 6,7% têm algum tipo de deficiência motora, visual, auditiva ou intelectual. 

Por outro lado, a acessibilidade nas cidades ainda não acompanha a demanda. Ao pesquisar sobre transporte público, mercado de trabalho, espaços de lazer e escolas, é fácil perceber que ainda falta trabalhar a inclusão no país.

Mas também é possível perceber o movimento de mudança nos últimos anos. Em 2000, por exemplo, foi criada a Lei da Acessibilidade (Lei n.º 10.098). Ela traz normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 

Para garantir a adequação, a lei já passou por atualizações, inclusive por meio do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/2015). Ademais, existem normas técnicas que devem ser observadas.

Nesse sentido, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu a NBR 9050 em 2004, com atualização em 2015. Ela traz parâmetros de acessibilidade que os projetos de construções urbanas devem observar obrigatoriamente. Entre os pontos abordados, estão: 

  • aplicação do desenho universal; 
  • uso de tecnologia assistiva; 
  • inclusão de espaços que permitam a circulação de cadeiras de rodas; 
  • uso de sinalização vertical e horizontal; 
  • adoção de rampas de acesso e plataforma elevatória; 
  • características de pisos; 
  • inclusão de informações em Braile; 
  • criação de banheiros acessíveis; 
  • parâmetros para estacionamentos. 

Certamente, nem todas precisam ser observadas na construção de um imóvel particular devido à estrutura, por exemplo, por se adequarem melhor aos espaços públicos. Porém, isso não significa que os parâmetros não possam ser adaptados para construir uma casa que considere a arquitetura inclusiva.

Afinal, os moradores podem passar por diversas situações e momentos que exijam maior inclusão. Ainda, a prática se torna importante para futuras vendas: lembre-se de que você nunca sabe quem será o potencial comprador, e a falta de um projeto inclusive pode impedir a realização de um bom negócio. 

Como projetar espaços mais inclusivos?

Devido à relevância da arquitetura inclusiva, é comum se perguntar como ter espaços que sejam projetados seguindo esse conceito. Na prática, existem alguns pontos que devem ser observados. Veja os principais passos para garantir espaços inclusivos!

Observe os princípios do desenho universal

A arquitetura inclusiva se baseia no desenho universal, então o projeto deve se guiar pelos princípios desse modelo. São eles: 

  • igualitário: o espaço deve poder ser utilizado por pessoas com diferentes capacidades, de modo que o ambiente seja igual para todos; 
  • adaptável: o design deve ser flexível, atendendo pessoas com diferentes habilidades ou preferências, podendo ser adaptado para qualquer uso;  
  • óbvio: o uso deve ser simples e intuitivo, com fácil entendimento para que qualquer pessoa compreenda como fazer, não importando o seu nível de experiência, conhecimento, concentração ou habilidades de linguagem; 
  • conhecido: todas as informações devem ser transmitidas de modo a garantir a fácil percepção e atendendo as necessidades de quem receberá a mensagem, incluindo pessoas com dificuldades de audição ou visão; 
  • seguro: ele deve ser desenvolvido visando reduzir riscos e consequências de ações que podem acontecer de maneira acidental ou não intencional; 
  • sem esforço: o projeto deve permitir o uso eficiente e com conforto exigindo o mínimo de esforço físico possível; 
  • abrangente: deve ter uma dimensão e espaços de aproximação e uso que se ajustem a corpos de diferentes tamanhos, considerando também eventuais limitações referentes à postura ou mobilidade.  

Simule diferentes cenários

Entender como criar ambientes inclusivos nem sempre é fácil. Afinal, é preciso considerar a diversidade de limitações que as pessoas podem apresentar em diferentes momentos. Portanto, mesmo que o projeto seja desenvolvido com esse foco, vale a pena buscar meios de validar os designs escolhidos.

Por exemplo, existem softwares desenvolvidos para auxiliar nos projetos inclusivos, fazendo simulações com diferentes condições que permitem identificar se a criação atende aos princípios do desenho universal e perceber eventuais falhas.

Dessa maneira, é possível validar o projeto e fazer eventuais correções ainda nas etapas iniciais da obra. Isso reduz os custos, já que as mudanças durante a construção podem exigir maiores investimentos. 

Foque em uma estrutura acessível

A estrutura do imóvel pode ser desenvolvida pensando em beneficiar a acessibilidade, especialmente ao considerar os espaços de circulação. Por exemplo, portas e corredores mais largos garantem o fácil acesso por qualquer pessoa e facilitam o uso de cadeiras de rodas ou outros equipamentos.

Nos espaços de circulação, pensar em espaços entre móveis também é interessante, garantindo que todo o ambiente pode ser utilizado sem problemas, independentemente das características da pessoa. Incluir escadas com corrimão e que priorizem a segurança residencial se tornam ainda mais importantes.

Outras questões, como iluminação, ventilação e a parte elétrica, como altura das tomadas, também merecem atenção para trazer mais conforto e praticidade. O mesmo vale para equipamentos adicionais, como alarmes, interfones, interruptores, entre outros. 

Pense no mobiliário

Além da estrutura do imóvel, o projeto deve ter atenção para que os móveis também sejam inclusivos. Ao mobiliar a casa, questões como altura de mesas de cadeiras, dimensão de monitores e telas, bancadas e outros fatores devem ser alinhados ao conceito de desenho universal.

As maçanetas das portas e puxadores devem ser fáceis de utilizar. Nos banheiros, altura das pias e dos sanitários, modelo dos registros e outros detalhes também podem ser desenvolvidos de maneira a atender diferentes necessidades. E a vantagem é que tudo isso pode ser alinhado a um design diferenciado e de destaque, observando o estilo de cada pessoa.

Procure empresas focadas em arquitetura inclusiva

Para garantir que todos os passos sejam aplicados com sucesso, é importante procurar empresas ou profissionais que trabalhem com foco na arquitetura inclusiva, com experiência no desenvolvimento de projetos focados no desenho universal.

Assim, eles poderão identificar todas as suas necessidades em relação ao imóvel para criar um projeto único e personalizado, que atenda às suas expectativas e também garanta toda a acessibilidade desejada. 

Se a construção for comercial, também será necessário obter o certificado de acessibilidade, que garante a adaptação do imóvel. Ele é obtido junto às prefeituras, tornando ainda mais importante a participação de um profissional capacitado para aderir às regras, entregar os documentos necessários para compra do terreno e seguir os procedimentos de cada município.

Em empreendimentos maiores, como condomínios com vendas de casas ou apartamentos, as regras devem ser observadas nos espaços comuns. Ou seja, a adesão às normas de arquitetura inclusiva são relevantes nas mais diversas situações. Inclusive, vale saber que pessoas com deficiência podem solicitar adaptações na compra de imóveis na planta, levando a acessibilidade para as áreas privativas. 

Já em construções particulares, embora não se aplique a obrigatoriedade de observância das normas, vale a pena considerar a aplicação. Afinal, isso pode garantir que o imóvel atenderá as diferentes necessidades dos moradores ao longo do tempo. 

Viu como a arquitetura inclusiva é relevante? Com o desenvolvimento do conceito de desenho universal, é possível desenvolver projetos que atendam a todas as pessoas, garantindo acessibilidade e inclusão social nas construções.

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Comentários

  1. jonatan disse:

    Assunto relevante que é útil e ser considerado em nossos futuros projetos.

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