Ao pensar na construção de um imóvel, é preciso observar diversos fatores para garantir que ele atenda às suas necessidades e colabore com a sua qualidade de vida. Inclusive, deve-se pensar nos impactos que cada escolha pode trazer no processo de construção e planejamento da casa. Nesse cenário, a neuroarquitetura se torna bastante relevante.
Afinal, essa área estuda essas questões, unindo arquitetura e neurociência para desenvolver espaços mais agradáveis, considerando questões cognitivas e ambientais. Dessa maneira, pode ser interessante aplicá-la em um projeto.
Quer saber mais sobre a neuroarquitetura, seus benefícios e como ela pode ser aplicada ao seu imóvel? Continue a leitura deste artigo e entenda como esse conceito se relaciona com a qualidade de vida!
O que é neuroarquitetura?
A neuroarquitetura é uma área da neurociência que se relaciona com a arquitetura, para estudar como são as respostas do nosso organismo e da mente em relação ao design dos ambientes. Afinal, é possível que as pessoas reajam positiva ou negativamente a diferentes espaços, mesmo que de maneira inconsciente.
Dessa forma, a neuroarquitetura conta com diversos estudos e pesquisas feitos a respeito dos variados aspectos do ambiente, como percepção espacial, temperatura, cores, luzes e outros, além de como ele afeta o cérebro humano.
A partir disso, a área busca encontrar formas de criar projetos otimizados, que foquem na saúde e no bem-estar. Para isso, também são usados conhecimentos de psicologia, garantindo uma abordagem holística nos projetos.
Como resultado, os arquitetos têm oportunidades para aplicar os princípios e boas práticas identificadas pela neuroarquitetura, a fim de construir imóveis e criar designs mais vantajosos para as pessoas que utilizarão os espaços. Para tanto, o conceito pode ser aplicado em espaços internos e externos, residenciais ou comerciais, públicos ou privados.
Origem da neuroarquitetura
A ideia de neuroarquitetura ficou conhecida em 2003, com a criação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), em San Diego, nos Estados Unidos.
Ela foi criada como resultado dos trabalhos de um arquiteto, John Paul Eberhard, e um neurocientista, Fred Gage — ele foi responsável por comprovar que os ambientes podem afetar o cérebro de diferentes maneiras, conforme suas características.
A partir disso, os estudos sobre o tema passaram a ser incentivados e ganharam mais destaque no mercado. Como consequência, o conceito passou a ter aplicação em diversos campos, incluindo o design de interiores e o urbanismo.
Quais são os benefícios que ela proporciona?
Conhecendo a concepção da neuroarquitetura, é possível avaliar os benefícios que ela proporciona aos projetos onde é aplicada. Com esse conhecimento, ficará mais fácil entender porque vale a pena investir nessa estratégia no momento de construir seu imóvel.
Quer saber quais são as vantagens da neuroarquitetura? Confira as principais!
Humanização do ambiente
Um dos principais benefícios — importante para ambientes residenciais e comerciais — é a maior humanização. Pois há um foco maior no bem-estar das pessoas que utilizam os espaços.
Em imóveis comerciais, a neuroarquitetura ajuda a promover uma melhor experiência para clientes e colaboradores. Nas casas e apartamentos, ela pode aumentar o conforto das pessoas, ajudando com a qualidade de vida.
Melhora na saúde
A melhor disposição do projeto e das práticas relacionadas ao design também trazem benefícios na saúde. Nesse ponto, a neuroarquitetura atua de forma a criar espaços que ajudam a reduzir o estresse e trazer mais tranquilidade. Inclusive, a prática é bastante relevante em clínicas e hospitais, por colaborar com a recuperação de pacientes.
Aumento da concentração
Como os projetos são desenvolvidos considerando como ele pode afetar o cérebro humano, é possível criar ambientes que estimulem a concentração. Isso é especialmente importante em empresas ou nos ambientes da casa destinados ao trabalho e aos estudos.
Por exemplo, quem tem filhos, pode aproveitar o conceito para ter espaços que auxiliem no desenvolvimento cognitivo e no escolar. Quem trabalha em home office também se beneficia do conceito em sua vida profissional.
Como a neuroarquitetura melhora a qualidade de vida?
A qualidade de vida é um termo que se refere ao bem-estar geral das pessoas, envolvendo aspectos físicos, mentais e emocionais, além de relacionamentos sociais e outras questões que têm impactos no dia a dia das pessoas.
Como a neuroarquitetura surgiu dos estudos feitos a respeito dos impactos ambientais nas pessoas, ela visa criar espaços mais agradáveis, como casas que sejam aconchegantes, práticas e confortáveis.
O conceito também pode ser aplicado de diferentes formas, considerando cada cômodo e a sua finalidade, visando despertar sensações como maior concentração, tranquilidade, relaxamento, entre outros. Logo, ele afeta a experiência de maneira positiva, o que também promove maior qualidade de vida.
Como aplicar esse conceito em casa?
Se você se interessou pela neuroarquitetura, é relevante entender como o conceito pode ser adotado na construção do seu imóvel. Para tanto, é necessário ter suporte de profissionais especializados.
Porém, para entender as propostas que serão apresentadas no desenvolvimento do projeto, vale a pena compreender de que maneiras ele influencia um planejamento. Descubra a seguir!
Invista na luz natural
Um dos pontos explorados em projetos baseados em neuroarquitetura é a luz natural. Ela proporciona benefícios aos ciclos psicológico e fisiológico das pessoas, promovendo maior bem-estar. Afinal, ela é a responsável por ajudar na manutenção do ritmo circadiano (ou o relógio biológico) do nosso organismo.
Ao mesmo tempo, ela tem o benefício de trazer mais sustentabilidade ao local e colaborar com a redução de custos com energia elétrica. Dessa forma, é comum que os projetos contem com janelas e aberturas que permitam maior entrada de luz solar, que pode ser aproveitada durante o dia.
Tenha um bom projeto de iluminação artificial
A luz artificial também é extremamente relevante para os ambientes, então deve ser pensada com cuidado para criar a experiência adequada em cada espaço. Por exemplo, luzes amarelas são conhecidas por deixarem o lugar mais intimista e relaxante, podendo se alinhar aos quartos.
Já a luz branca estimula a concentração e o foco, alinhando-se a espaços como o escritório ou a cozinha — colaborando também com a correta identificação de cores, que pode ser essencial no preparo de alimentos. Dessa maneira, o projeto de iluminação deve ser pensado, considerando os efeitos que cada tipo de lâmpada trará, sem pesar apenas o design do ambiente.
Entenda os impactos das cores
Você já ouviu falar em psicologia das cores? Esse estudo indica que elas, quando utilizadas na decoração de um espaço, podem influenciar o humor das pessoas. Portanto, cada cor tem efeitos distintos que devem ser considerados no projeto. Veja alguns exemplos:
- azul: desperta sensação de tranquilidade, harmonia, confiança, limpeza e outros. Em seus diferentes tons, pode favorecer o relaxamento ou a concentração, por exemplo;
- marrom: assim como outros tons terroros, traz uma ligação com a natureza e desperta sensações como conforto;
- verde: reflete crescimento, calma, segurança e prosperidade, o que ajuda a criar ambientes mais acolhedores;
- vermelho: é a cor do sucesso, riqueza e paixão, podendo ser bastante estimulante. Porém, tons muito vibrantes devem ser usados com moderação para não gerar irritabilidade;
- amarelo: essa cor tem bastante ligação com riqueza, alegria e vivacidade, sendo adequada para diferentes cômodos, a depender do seu tom;
- laranja: tem ligação com criatividade, confiança e comunicação, podendo ser usada em espaços de estudo ou trabalho. Como também tende a estimular o apetite, é comum que seja usada em espaços onde acontecem as refeições;
- preto: uma cor bastante associada à elegância e ao poder, consegue dar um ar mais sofisticado aos ambientes, além de esquentar o local;
- branco: pode ser usado para realçar todas as cores e, embora seja uma cor neutra, ela desperta uma sensação de paz e simplicidade. Por isso, é bastante comum em diversos estilos de decoração, como o minimalista.
Assim, a escolha das cores — tanto da pintura quanto dos elementos decorativos — deve ser feita considerando os efeitos que elas proporcionam no cérebro. Também é possível fazer combinações diversas, com cores complementares ou de maior contraste, por exemplo, trazendo maior personalização e alinhamento para o resultado do projeto.
Não se esqueça da ergonomia
A ergonomia se refere à relação das pessoas com o ambiente, especialmente sobre o uso dos móveis e objetos. É importante que todas as escolhas do mobiliário considerem o conforto durante o uso, o que pode ser fundamental para evitar dores e o desenvolvimento de lesões.
Nos locais de trabalho, existem normas regulamentadoras específicas para tratar apenas desse fator. No entanto, ele também é relevante nas residências. Afinal, é importante que a mobília também seja benéfica, considerando postura, necessidade de deslocamento, circulação do espaço, entre outros aspectos.
Vale destacar que, de maneira mais ampla, a ergonomia abrange a união de outros elementos, como iluminação, cores, disposição dos móveis, temperatura, entre outros.
Planeje a disposição e organização do espaço
A organização dos ambientes deve ser feita pensando nos impactos que a disposição dos móveis e demais características do design geram nas pessoas. Portanto, todo o projeto de interiores deve ser pensado considerando como será a usabilidade no dia a dia e a circulação de pessoas nos espaços.
Portanto, é preciso pensar na distribuição dos móveis e objetivos, na praticidade que eles proporcionam e como eles podem se adaptar a diferentes situações, se for o caso. Questões como facilidade de limpeza e cuidados relacionados à manutenção, também devem ser pensados, pois afetam a rotina dos moradores.
Nesse sentido, é bastante comum recorrer aos móveis planejados, que são desenvolvidos para atender as necessidades de todos, considerando cada ambiente para trazer mais eficiência ao projeto. Além disso, é importante manter uma boa rotina de limpeza e organização para cultivar os espaços mais alinhados, potencializando os efeitos da neuroarquitetura.
Aposte em elementos da natureza
O contato com a natureza costuma trazer maior sensação de tranquilidade e relaxamento. Portanto, é possível incluir elementos naturais no projeto. Afinal, há uma inclinação humana em se relacionar com sistemas naturais, como seres vivos e plantas — é a chamada biofilia.
Diante disso, a neuroarquitetura inclui esse conceito nos cuidados com as construções, integrando esse tipo de elemento aos imóveis. A maneira mais comum de fazer isso é por meio das flores, que podem compor diferentes espaços da casa. A construção de jardins no terreno também é uma opção comum, quando há espaço suficiente no imóvel.
A madeira e outros elementos da natureza podem ser usados com a mesma finalidade, especialmente quando em formatos mais rústicos, que lembram a sua origem. Outra possibilidade é investir em elementos decorativos e imagens da natureza na composição da decoração.
Tenha atenção ao conforto acústico
O conforto acústico é bastante relevante quando se trata de neuroarquitetura. Afinal, os ruídos e barulhos no ambiente podem afetar a concentração das pessoas, gerar incômodos e, até mesmo, o estresse.
Por isso, os projetos também são desenvolvidos pensando no isolamento de som, evitando ruídos externos, além de isolar áreas específicas da casa que exijam maior atenção.
Ademais, mesmo a escolha da mobília e elementos decorativos deve considerar a acústica, pois eles costumam ser fonte de barulho e ruídos.
Invista em uma boa ventilação
Seguindo a linha do cuidado com a temperatura, a ventilação é um fator bastante relevante na neuroarquitetura. Ela busca criar ambientes que aproveitem a ventilação natural, evitando deixar o espaço abafado e garantindo uma circulação de ar contínua no local. Esse fator também ajuda a evitar problemas com umidade e melhora a sensação térmica.
Aqui, é comum que o projeto conte com janelas, portas e esquadrias bem posicionadas, considerando as características da região, para aproveitar melhor a ventilação natural. Porém, também é possível recorrer à tecnologia para auxiliar, com exaustores, ventiladores e ar condicionado.
Esses cuidados também permitem garantir uma temperatura mais agradável ao longo dos dias, nas diferentes estações do ano. Considerando que esse também é um fator que tem ligação direta com o conforto, estresse e a saúde, o imóvel precisa considerar essa questão.
Agora você já sabe o que é a neuroarquitetura, os benefícios que ela proporciona e como o conceito pode ser aplicado em um projeto. Como visto, ele se alinha a projetos de diversos tipos, criando espaços que proporcionem mais saúde e bem-estar aos usuários. Portanto, vale a pena considerar aplicá-lo na construção do seu imóvel.
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